Uma Introdução

Uma Introdução

Porque criar um blog sobre as coisas que eu presenciei e ouvi durante minha carreira como professora de Educação Básica?

Nunca achei que alguém se interessasse por coisas que para mim são comuns, o cotidiano de uma professorinha.

Mas um amigo (Joseph), pensa diferente. Ele achou que minhas histórias poderiam ser interessantes. E me incentivou a escrever um Blog.

Talvez ele tenha razão. Afinal, uma pessoa que está em sala de aula a mais ou menos 20 anos deve ter algumas histórias para contar. E posso dizer que minha vida de professora (e esse blog é só sobre isso) não foi nada calma. Monotonia nunca fez parte da minha vida profissional. Criança é um bichinho que inventa...

As histórias que vou contar aqui são variadas. Algumas aconteceram comigo, outras com amig@s e alun@s. Para preservar a identidade das pessoas que foram protagonistas das histórias, vou trocar não apenas os nomes, mas outras características (idade/sexo/lugar onde o fato ocorreu). Resumindo, vou contar as histórias, mas sem revelar dados que possam identificar as pessoas envolvidas. Conto o milagre, mas não digo o santo.

Convido vcs a lerem um pouco dessas minhas 'aventuras' como professora. Trabalhei (e trabalho) em escolas de bairros bem pobres, onde faltava quase tudo. Menos a boa vontade de colegas e diretores para fazer a coisa dar certo. Pelo menos na maioria das vezes.

Feliz Natal!!

Esse ano, na escola de ensino fundamental que trabalho, as professoras resolveram fazer uma Cantata de natal. Foi lindo. Meus anjinhos cantaram direitinho, contando a história de Jesus.

Quem sabe a história de alguém que nasceu por amor, trazendo o amor como presente para todos possa nos ajudar a refletir sobre a necessidade de vermos os outros, de abrandarmos nosso coração.

Fiquei feliz com essa atividade. Quem sabe não conseguimos montar um coralzinho?

Feliz Natal para todos...

Criança tem cada uma...

Quem nunca lecionou para alunos de 10, 11 anos (geralmente 5ª série) não sabe o que está perdendo. Eles são MUITO engraçados. O difícil é controlar o riso pq eles saem com cada ideia...

Eu estava na sala de uma dessas 5ª de alunos de 10, 11 anos. Eles estavam fazendo um exercício e eu esperando que me trouxessem o caderno para ver como estavam se saindo e tirar as possíveis dúvidas. Aí chega um dos meus 'anjinhos' mais criativos e diz: "Professora, já sei como descobrir quem está roubando nossas coisas durante o recreio."
Um parêntese: durante o recreio as portas das salas ficavam abertas e estavam acontecendo pequenos roubos de lápis, borracha e canetas, coisa que não sabíamos como resolver. Pedimos aos alunos que vigiassem suas salas, para evitar o roubo. Aí vem meu aluninho com uma ideia 'fenomenal': segundo ele deveríamos "fazer um buraco na porta da sala de aula, colocar umas folhas por cima e esperar para ver que caía no buraco (só podia ser o ladrão)."
Me deu uma vontade de rir... O rostinho dele dizia que ele acreditava piamente que a ideia dele seria exequível, e pior, que funcionaria. Pensava ter descoberto a roda. Como dizer a ele que a ideia (que para ele era maravilhosa) não tinha a mínima chance de ser executada muito menos de funcionar? Só me lembrava de alguns desenhos animados que usavam esse estratagema para pegar alguém. Na hora pensei que a criaturinha estava vendo desenhos animados demais.
Mas não podia deixar o anjinho pensando que a coisa podia acontecer, aí falei com muito jeito que seria difícil furar o chão que era de granito, e mesmo que conseguíssemos, todos na escola veriam, já que o buraco teria que ser feito durante a aula (ou durante o recreio). A carinha dele ficou tão triste. Mas para alegrá-lo disse que a ideia era boa, só que mesmo boas ideias nem sempre podem ser executadas em todos os lugares. Parece que se conformou...Saiu sorrindo e brincando.
Só uma criança para ter esse 'pensamento mágico'. Olhando para minhas crianças, para as que ainda sonham como esse, vejo a infância como deveria ser para todos: sem responsabilidades e feliz!!

Joguei pedra na cruz...

Tem dias que tenho quase certeza que joguei pedra na cruz. Quarta feira foi um desses dias.

Saí com os alunos para a caminhada contra a AIDS, até aí tudo normal. Fui com um colega e 27 alunos e alunas. Poucos, já fui para essa caminhada com mais de 40.

A caminhada foi divertida, http://twitpic.com/3bzmy0 .

Terminamos a caminhada e fomos para o ônibus. Entramos e fizemos a 'chamada'. Aí começou o calvário: faltavam 3 alunas.

Na hora comunicamos o fato aos representantes das Secretarias de Educação e da Saúde.

Ficamos esperando mais de meia hora. Nesse ínterim, o motorista do ônibus ameaçou sair, os alunos começaram uma briga com alunos de outras escolas, jogaram pedras no ônibus...

E eu ligando para a escola para tentar descobrir o número de telefone da casa de uma das meninas para saber se elas tinham chegado.

Não descobrimos nenhum número, então resolvemos ir para a escola e de lá eu iria para a casa de uma das meninas tentar descobrir se as 'criaturas' já estavam em casa.

Fizemos isso. Chegando na escola saí com um aluno enquanto meu colega ficava na direção da escola, resolvendo outro 'abacaxi'.

Chegando na casa da menina, ela estava toda tranquila. Quando perguntei pq ela havia voltado mais cedo, ela só disse que 'lá tava muito parado'. Disse a ela que por causa dessa atitude irresponsável, o pessoas da secretaria da educação e da secretaria da saúde estava até aquele momento no ponto de encontro dos ônibus, esperando ela. Liguei para eles e avisei. Foi um alívio geral.
A mãe da menina chega e pergunta o que aconteceu. Expliquei e a mãe me apoiou. Disse que se ela pediu para ir à caminhada com a escola deveria voltar com a escola.

A menina não entendeu pq o 'estresse'. afinal ela é 'grande'. Expliquei que ela pode até ser mais alta que eu, mas perante a lei, ela ainda é menor de idade. Por isso precisamos do consentimento da mãe para que ela possa sair para qq atividade extra escolar.

Volto para a escola para ajudar meu colega com outro abacaxi, esse bem mais sério. Mas fazer o que? Tem dias que a gente nem deveria sair de casa, que dirá acompanhada com alunos e alunas, que parecem ter o juízo nos pés...

Aula sobre Banheiro

Montesquieu, filósofo fracês do século XVIII, diz no seu  romance "Cartas persas" que julgamos as coisas por uma secreta projeção de nós mesmos. É a partir das nossas experiências e formas de ver o mundo que avaliamos as outras pessoas. Nesse mesmo romance um dos personagens (persa) relata que ouviu de um parisiense a seguinte frase: “Ah! Ah! O senhor é persa? Que coisa extraordinária! Como é possível ser persa?"


Como é possível que alguém seja diferente de mim? É isso que o personagem de Montesquieu diz. Ele percebe o estranhamento que seus costumes causam aos parisienses.


Mostesquieu mostra como pensamos as coisas pelo nosso ângulo e não procuramos ver  como o outro pensa, como ele vive, por que ele age de forma diferente da nossa.


O que tem isso a ver com essa história? Muita coisa, no final vamos entender.


Estava eu na minha sala de aula quando a diretora me chama e pede que eu vá com ela no banheiro. Queria me mostrar uma coisa. Fomos ao banheiro dos meninos. Lá ela me mostrou uma 'canaleta' azulejada (azulejos branquinhos)por onde corria água que saía de um cano. Ela me explicou que ali era o lugar que os meninos urinavam. A água corria direto para evitar mal cheiro.


A diretora então me disse que tinha acabado de flagrar um menino pequeno (acho que da pré escola) lavando o rosto naquela canaleta. Ela tirou o menino de lá, explicou para que era aquele lugar de azulejo branquinho, que não era pia. O menino disse então que já havia visto outros colegas lavarem o rosto na canaleta. Foi aí que a diretora se assustou e me chamou. Afinal EU era a única professora de Ciências do turno. E parece que todos os 'abacaxis' da escola tem relação com a minha disciplina. Devia ter feito História (quando fui me inscrever para o vestibular estava em dúvida se faria Biologia ou História, escolhi Biologia).


Bem, o que ela queria de mim? Que eu ensinasse aos meninos e meninas para que serve um vaso sanitário, uma pia, etc... 


Para me convencer da necessidade dessa 'aula sobre banheiro' ela contou que durante as visitas que fazia as casas dos alunos e alunas percebeu que não havia banheiro. Descobriu que muitos defecavam no chão, em cima de um jornal, que depois era levado para fora de casa. A diretora me mostrou ainda os banheiros antes dos alunos entrarem na escola (ela passou uma semana tentando me convencer a dar essa 'aula')e depois do recreio. 


Impressionante! Antes dos alunos e alunas entrarem, os banheiros estavam limpos: os azulejos branquinhos e o piso lavado. Depois do recreio: xixi e fezes no chão do banheiro ao lado do vaso sanitário, que estava limpinho, como se ninguém tivesse tocado nele.


Cheguei à conclusão que precisava explicar para que e como se usa um vaso sanitário, o que é pia, o que fazer com os absorventes, coisas desse tipo. O professor de Educação Física ficou com a parte de explicar aos alunos para que serve a tal 'canaleta'.


Nunca pensei que algum dia precisasse ensinar como se usa um banheiro. A gente, que tem uma casa com quartos, banheiros, cozinha e sala, nem imagina (pq usamos a nossa vida como padrão) que para algumas pessoas tais 'luxos' podem não existir. Que algumas pessoinhas sequer sabem que existe um banheiro (e como ele deve ser usado) até entrar em uma escola.


Parodiando Montesquieu "Como é possível alguém não saber o que é um banheiro?"



Saindo da primeira escola

Porque eu sairia da minha primeira escola ? Os colegas eram legais, participavam, não atrapalhavam as maluquices que eu e outras/os inventávamos... Era tudo bom. Menos a direção.
Nessa escola passei 7 anos. Durante esses 7 anos tivemos 12 diretores. alguns bons, outros nem tanto. Ia levando tranquila, trabalhando e fazendo o que podia.

Mas meu avô estava bem doente. Uma infecção séria estava deixando a todos da família muito preocupados. Vovô ia fazer 90 anos, e já estava esquecido. Não sabia nem pedir água. Vivia vegetando em uma cama.

Dia 22 de dezembro de 1997: saí da escola como o habitual. estávamos na semana de recuperação final. Dei minhas aulas e a prova estava marcada para o dia seguinte. Sabia que mamãe (filha desse meu avô) estava na casa dele. Comentei com Madalena (aquela minha amiga, professora de História), que iria passar na casa de vovô (era caminho para minha casa) e ver se mamãe precisava de algo.

Chegando na casa de vovô, mamãe me disse que ele estava melhorando, que eu fosse para casa, fizesse o jantar e desse para minhas irmãs. Foi o que fiz. Mamãe voltou para casa lá pela meia noite.

Às 6 horas da manhã do dia 23 de dezembro recebemos a notícia do falecimento de vovô. Mamãe estava desolada. Liguei para Madalena e pedi que avisasse na escola. Liguei para a escola e avisei. Quem trabalha em escola publica sabe que nem sempre dão recado. Por isso pedi a Madalena que reforçasse meu aviso e que dissesse aos alunos que estavam em recuperação comigo que eu faria a prova na semana seguinte (pq o dia seguinte, 24 de dezembro, não tinha aula).

Fui para velório, enterro... Depois ficamos na casa de uma tia. Foi um natal bem triste.

Na semana seguinte, fui para a escola, acertar as datas das provas com os alunos. Lá, fui recebida com diversos 'elogios' vindos da diretora: 'irresponsável' foi o mais delicado. Por causa da minha falta, o calendário da escola estava atrasado. Só que eu tinha direito a faltar para ir ao enterro de meu avô.

A diretora me tratou como uma professora relapsa e faltosa. Disse inclusive que não daria meu contracheque enquanto eu não colocasse as notas nos diários. Ela comprou briga com a pessoa errada. Fiquei caladinha, mas pensei como dar o troco. Chamei os alunos, fiz outra revisão (para matar ela de raiva) e marquei a prova. Fiz a prova, corrigi e coloquei as notas nos diários. Assim que terminei, fui na Secretaria de Educação e contei o acontecido. Falei que não queria ficar mais na escola. A pessoa que me atendeu disse que eu estava coberta de razão, e que eu pegasse com a direção um documento para sair de lá.
Fui para a escola no dia seguinte, e pedi que a diretora assinasse o documento. Ela fez de tudo para que eu não saísse. Mas fui firme, depois do que ela disse não dava mais para ficar lá. Ela me deixou esperando uma tarde inteirinha, mas assinou o documento.

Falei com minhas colegas, e algumas delas, chateadas com o acontecido tbém pediram para sair. Madalena, Jacinta e Tânia (professora de Geografia) saíarm. A diretora ficou doidinha. Agora era tarde.

O triste de tudo isso é que nós éramos felizes e não sabíamos. Fomos para escolas centrais, consideradas 'boas', mas não tivemos (pelo menos no primeiro ano) aquele trabalho que fazíamos. Os professores e professoras dessas outras escolas não trabalhavam de forma diversificada. Era só aula de 'cuspe e giz '(1). E eu, acostumada a um trabalho diversificado, fiquei sem saber bem como agir. Até pq nessa nova escola, se a gente fazia alguma coisa diferente, vinha logo um professor perguntar se estávamos ganhando mais que eles...

Mas surgiu a oportunidade de lecionar no turno noturno (e eu precisava, pq para fazer uma especialização na UFS eles exigiam que estivéssemos em sala de aula no ensino Médio). nessa escola o Ensino médio era apenas no turno noturno. Fui para o noturno e encontrei outras colegas que tbém gostavam de diversificar. Me 'achei' de novo....

Estou nessa escola/turno até hj. Gosto bastante do trabalho que temos aqui. Sobre essa outra escola vou falar mais adiante. Mas adianto que à noite a gente trabalha direitinho...

Abaixo vão duas fotos dos meus 'anjos' do turno noturno em uma visita à Casa de Ciência e Tecnologia. Em pleno sábado à tarde...












Continuo falando com Jacinta, Madalena e Jenó. Mas bem menos. Nossas vidas mudaram, e não conseguimos nos encontrar.
Vou ver se nessas férias encontro com elas. Tenho saudades...

(1) Para quem não sabe, aula de "cuspe e giz" é a aula tradicional, na qual o professor fala (cuspe) e escreve no quadro (giz). 

Escolas...

O que as escolas nas quais trabalhei (e as que ainda trabalho) tem em comum? Podemos pensar que elas tem alunos, professores, pessoal da limpeza, direção, orientação pedagógica, ... Ou seja: gente. Mas isso tem em qq escola. O que fazia/faz essas escolas diferentes? É a 'qualidade' das pessoas que fizeram/fazem essas escolas.
 Na primeira escola tive colegas MARAVILHOSOS. A gente inventava, aprontava. Eram diversas atividades ao longo do ano. E para quem pensar que procurávamos meios de 'dar nota' um adendo: éramos os professores/professoras que mais reprovavam... A gente exigia muito dos alunos, em qq atividade. E eu boba, acreditava que todas as escolas funcionavam como nessa escola. Afinal, se em uma escola de periferia a gente conseguia trabalhar e bem, em qq outra deveria ser a mesma coisa, não é? Ledo engano... mas isso é conversa de outra página, qdo eu falar da segunda escola. Sim, pq eu trabalhei em 4 escolas até hj. E pretendo falar das quatro por aqui. Mas em todas elas encontrei (tem que procurar bem) pessoas que gostam de lecionar, que procuram fazer o melhor no seu trabalho.
Gente meio doida, reconheço, mas de uma competência e compromisso que só faziam me estimular a trabalhar cada vez mais. Gente que fazia acontecer na escola. Dávamos aula de 'cuspe e giz', mas procurávamos diversificar. E sabe, qdo a gente diversifica, descobre talentos tão escondidos...

Professores e Professoras que trabalham sábado, domingo e feriado. A gente ia (e ainda vamos) com os alunos do turno noturno em cinema, planetário, na praia. Tudo com objetivo bem claro, eles resmungam mas vão. Nas escolas que lecionei já participei de 'Semana do Folclore', 'Dia da Mulher' (invenção minha, não valia ponto, mas os alunos e alunas fizeram bonito...), 'Feiras das nações', 'Exposições de língua estrangeira' (teve até simulação de supermercado em inglês), 'Sarau literário' (os alunos declamaram as poesias que eles mesmo fizeram, foi lindo), A 'História através da música', 'Gincana Ecológica', 'Feira de Talentos' (essa foi para mostrar o que nossos alunos faziam: declamar, cantar, etc..), 'Worshop de Música inglesa' , 'Exposição de Jogos na matemática', 'As Religiões' (falaram inclusive do Candomblé), ...

Foram tantas atividades diferentes que tenho certeza que esqueci metade. Algumas delas sem valer nota nenhuma, os alunos e alunas faziam pq gostavam da proposta. E para cada uma dessas atividades, tenho colegas que se encarregaram de organizar tudo nos mínimos detalhes. Essas eram apenas formas de incentivar os alunos a estudarem. Eles se empenham mais qdo tem uma atividade que eles mostrem o que sabem, preferencialmente de forma lúdica.
 Além dos 'organizadores' (na realidade das organizadoras, só tinha mulher) os demais professores e professoras arregaçavam a manga e botavam a coisa para andar. Já saí de uma escola mais de 18 horas (tendo aula ás 19, em outra escola, que ficava distante 30 minutos), ajudando outra professora (de Inglês). Mas isso não é nada comparado ao fato que outra professora (de Português, minha colega e amiga nas duas escolas) que estava grávida de uns 5 meses, trabalhou MUITO.
Essa minha amiga é daquelas que 'chega junto' na hora que é necessário. Mesmo com uma barriga enorme não usou a gravidez para deixar de ajudar a outra colega. Ficamos trabalhando para organizar o Workshop de Inglês com nossos alunos e a professora de Inglês até o horário limite. Fomos direto de uma escola para outra sem comer. Eu nem podia reclamar, pq a grávida trabalhou bem mais que eu...
 Tem gente que acha que não se trabalha em escola pública. Aí vai fazer estágio pensando que vai ser 'moleza'. Nunca deixei estagiário sozinho, embora alguns tenham me dito que eu não precisava ficar na sala. É ruim. A turma que ele está lecionando é responsabilidade minha. E se percebo que o estagiário está dando informações incorretas e não conserta qdo aviso, ele sai da sala. Sai mesmo.

Essa minha amiga (de Português) é pior. Ela disse que não quer mais aceitar estagiários (alunos da Universidade em estágio curricular) pq os que chegam para ela são ruins. Não no conteúdo, mas na forma de trabalhar. Minha amiga diz que se é para dar aula só de 'cuspe e giz', ela não aceita. Pq ela tem quase 20 anos em sala de aula, mais de 10 turmas e mesmo assim usa textos, músicas, filmes... Por isso ela não quer um estagiário que está iniciando e não faz nada de diferente, qdo ela faz. Para ter em sala alguém que nem sequer usa um texto não dá. Se é para fazer pior que a gente, melhor nem entrar na sala. No estágio eles tem que fazer o melhor. Se nem no estágio fizerem, imaginem quando não tiverem ninguém avaliando, nas salas deles... Eu acho que ela está certíssima.

Voltando às pessoas que fazem acontecer na escola. Elas estão lá, talvez nem elas mesmas saibam que fazem diferença. Se ficarem sem ninguém para puxar, fazem o 'feijão com arroz'. Mas basta a gente começar a trabalhar diferente, com o que tivermos ao nosso alcance, que os alunos e alunas comentam. Aí a gente começa a incomodar quem não quer trabalhar.
Aprendam a ouvir que 'isso é pq vc está novo, com gás'. E não acredite. Pq a gente faz diferente pq percebe resultados. pq quer tentar trabalhar de forma a atingir os alunos. Acreditem, não faz diferença se temos 1, 2 ou 20 anos em sala de aula. O fogo é o mesmo.
É inebriante ver alunos aprendendo, e mostrando que entenderam. Fazendo conexões que nem nós imaginávamos...E nós aprendemos tbém. Mês passado um aluno me explicou como se usa 'bomba' nas academias de ginástica. Um absurdo. Mas entendi. Em qq escola, para as coisas funcionarem, precisamos primeiro procurar pessoas especiais, que acreditam na educação. E fazer parcerias com elas.
Lembrando que somos iguais, ninguém é melhor que ninguém, todos somos aprendizes. Minha amiga me dá até hj textos que ela usa em sala, e eu aproveito qdo dá. Trabalho com professoras de Português, Educação Física, Inglês, Geografia, ... Parcerias longas, de anos. O trabalho não é apenas de um ano, é repetido (e modificado) todo ano. Acrescentamos algumas coisas, retiramos outras e assim vamos tentando fazer o que os alunos e alunas pedem. Dentro das nossas possibilidades.
Usei o poema "O Bicho" de Manuel Bandeira para iniciar a discussão de alimentos, a professora de Português trabalhou o poema em sala tbém... Outra professora de Português iniciou um trabalho sobre DST (é elas se metem nisso tbém) e me chamou para ajudar. Mesmo não sendo professora das turmas dela, fui para a escola no dia que não tenho aula para conversar com os alunos e alunas. Foi muito bom!! As parcerias aparecem. Para tanto precisamos mostrar nossa vontade de trabalhar, de aprender com o(a) outro(a). Não podemos esperar para ver se aparecem, precisamos trabalhar e mostrar que é possível. Contaminar os que podem ser contaminados, reacender a chama dos colegas . Aí as parcerias podem aparecer. Para mim sempre apareceram.

Professora, 'sabãozinho' engravida?

A gente sai da Universidade tendo certeza que não sabe nada. Por isso o 'pavor' ao entrar numa sala de aula.
Como mobilizar tudo o que aprendemos de forma efetiva, que ajude o aluno a entender?
A disciplina "Prática de Ensino" deveria ter ajudado, mas só dei 3 aulas... Tudo correndo, improvisado. A UFS passou por uma greve e quando retornamos às aulas, as escolas estavam terminando o ano letivo. Foi uma loucura. Um estágio de 3 aulas. Mas era o possível.
Só que agora, eu estava em sala de aula. E precisava dar conta do meu trabalho. Preparei as aulas, descobri que na escola existia um laboratório (na realidade 3 laboratórios). Tínhamos lupas (não as manuais, mas aqueles da Universidade), microscópios (e bons!)... Pensei que podia diversificar as aulas.
Realmente, as aulas eram diversificadas. Usei jogos, brincadeiras, tudo o que minha imaginação sugeriu e eu consegui fazer.
Mas nem sempre é possível fazer uma aula diferente. Então mesclava aulas teóricas com as que tinham jogos, vídeos (é já existia TV escola!), ou outra atividade diferente. Nesse dia, era momento de aula teórica. Fui para uma turma de 7ª série e falei de sistema reprodutor. Tudo bonitinho, do jeito que aprendi na UFS. Só não sabia que Sistema Reprodutor era apenas o primeiro passo para uma longa caminhada. Cheia de percalços, mas muito prazerosa.
Quando termino de falar dos Sistemas Reprodutores (masculino e feminino) pergunto se meus abençoados alun@s (a essa altura do campeonato já sabia o nome de todos os 'anjos') se tinham alguma dúvida. Não sei pq eles entenderam que podiam perguntar qq coisa sobre sexualidade. Foi uma 'saraivada' de perguntas. Fiquei tontinha... Algumas delas ainda me lembro:
"A mulher sente dor na primeira vez?"
"Dá para saber se uma menina já transou?"
"Se o menino se masturbar muito fica doente?"
"Se depois da relação sexual a menina lavar a vagina (olha, eles disseram o nome científico!) pode engravidar?"
"Se um menino gozar na piscina e a menina tiver perto, ela pode engravidar?" (esses meninos são criativos...)
E aquela pergunta que me mostrou o quanto eles confiavam em mim: "Professora, 'sabãozinho' engravida?"
Deus é mais!! De onde eles tiram tantas perguntas? Eu não sabia responder metade delas.
E essa última eu nem entendi... Pedi calma fui respondendo o que deu e perguntei "O que é 'sabãozinho'?" Risos nervosos, um 'deixa pra lá', e eu insisti. Disse que poderia conhecer com outro nome, insisti e um corajoso disse: "é quando o menino goza nas pernas da menina." Ah, isso eu sabia. Disse que possibilidade sempre existe, depende de quanto ficou perto da vagina. Ouve um comentário, um burburinho e a aula terminou.
Pq ninguém diz para a gente, na Universidade, que os alunos querem saber disso? Eu não estava preparada. Fiquei pensando que provavelmente essa reação dos alunos deveria ser pq em casa não havia abertura para falar. Então resolvi que se eles tinham interesse eu ia procurar aprender e tentaria conversar com eles sobre o que pedissem. Já sabia que teria muitas dúvidas... Mas já pensei em perguntar tudinho ao meu ginecologista... Eu e minha mania de botar todo mundo na roda...
Pesquisei, descobri um material interessante do ECOS (chegava de graça um boletim para mim) Convenci a direção da necessidade de reproduzir alguns textos, e fui levando.
Hj sei que errei muito, quis dizer aos alunos e alunas como deveriam viver sua sexualidade. Não entendi naquele momento que eles precisavam construir seus valores, sua forma de vivenciar a sexualidade. Que a mim cabia apenas mostrar as possibilidades, lembrando que cada uma delas traria consigo determinadas responsabilidades.
Mas eu falava de sexualidade tentando mostrar os perigos de uma gravidez na adolescência, que era melhor se prevenir (e a AIDS tava matando que era uma gracinha). Para mim, as meninas casavam cedo por que engravidavam. Acreditava que se as meninas não engravidassem, não iriam querer casar. Mania de pensar as coisas sob a minha ótica. Diria Montesquieu, um filósofo francês, que "vemos as coisas por uma secreta projeção de nós mesmos". É verdade, e minha lente, tão distorcida e focada na minha forma de ver o mundo não concebia outra 'verdade'.
Aí aparece uma aluna que 'coloca em xeque' minha forma de pensar. Tinha 14 anos, muito inteligente, uma das melhores alunas da sala, e estava casada a 2 anos. Não tinha filhos, ela casou pq gostava do marido, só teve relações com ele depois de casada.
E queria filhos... Me perguntou o que fazer ´para ter filhos. Mesmo achando ela nova, disse que procurasse um ginecologista. Que ele poderia orientar melhor que eu.
Eu achava a menina uma coisa de outro mundo, tão nova, casada. E querendo ser mãe. Pedi que ela terminasse pelo menos o ensino fundamental antes de engravidar. Ela concordou. Anos depois encontrei com essa aluna. Tinha separado do marido, logo depois que teve uma filha com ele. Mas estava feliz com a filha.
Minha forma de entender o mundo não concebia uma menina como ela. Mas nunca procurei saber pq ela casou cedo. Só estranhei...
Com o tempo, passei a ficar mais solta em sala. Se no início 'morria de vergonha', agora conseguia conversar com meus alunos despida de muitas 'frescuras'. Comecei a pedir que alunos e alunas escrevessem suas dúvidas em papéis e me entregassem. Que eu iria respondendo um pouco em cada aula. Fiz assim. E o que não sabia perguntava a outras pessoas, e depois levava a informação para a sala de aula.
Mas a quase 20 anos atrás alguns pais não achavam correto que a professora falasse de certas coisas (sem-vergonhice, nas palavras de alguns) com seus filhos e filhas. Principalmente as meninas. Elas eram puras, não podiam ouvir determinadas coisas. Justificava mostrando que era conteúdo da série delas, que não estava inventando. Nem sempre funcionava. Já tive aluna que foi proibida de frequentar minhas aulas. Ficou um mês sem aparecer. O pai veio me comunicar que a filha dele não ia assistir minhas aulas. Que entendia que era minha obrigação dar o conteúdo, mas que ele não concordava, por isso ela sairia. Eu disse que não podia fazer nada.
Mas depois do que ouvi de uma professora semana passada, acho que o que aconteceu comigo foi pouco. Uma professora me contou que uma mãe disse a ela que preferia ter a filha grávida que deixar ela saber sobre camisinha. A gente vê cada coisa...
Bom, mas e os alunos que freqüentavam as aulas? Eu devia fazer o que com eles? Me perguntei algumas vezes se não estava fazendo mais que minha obrigação (naquele momento achava que deveria falar só de sistema reprodutor, o resto era fruto das perguntas dos alunos e alunas).
Porém, tinha uma certeza: devia dar minhas aulas da melhor forma possível. Tinha a esperança que minhas alunas aprendessem um pouco e repassassem as informações.
Pensei que conversar sobre sexualidade com os alunos e alunas seria suficiente. Que bastaria deixar eles e elas perguntarem que eu poderia orientá-los , mas ser a professora que fala desse tema deixa os alunos e alunas abertos para te contarem cada coisa...
Uma delas foi qdo determinada aluna me disse que a menstruação estava atrasada. Perguntei se a criatura havia conversado com o namorado. A resposta da menina: "Como vou falar isso para ele, professora, tenho vergonha." Minha resposta, nada convencional: "Tem vergonha de abrir a boca, mas não teve de abrir as pernas." Hj percebo como essa frase é preconceituosa. Mas não nego cada idiotice que falei nessa vida. A gente aprende com os erros, como diria minha mãe.
Voltando a aluna que acreditava estar grávida. Depois da minha fala nada educada, ela ficou me olhando assustada. Depois conversei com calma. Expliquei que para ter certeza precisava fazer o teste de gravidez. Essa pelo menos não estava grávida. Descobriu depois.
Me deixava irritada essa mania das meninas transarem sem camisinha. Nunca cogitei em perguntar pq elas faziam isso. Talvez descobrisse que elas não tinham facilidade de acesso ao preservativo. Muitos anos depois, qdo comecei a questionar isso em sala, as respostas foram simples: pq se elas entrassem no Posto de saúde, todo o bairro (inclusive os pais) saberiam. E lógico que os pais não sabiam que as filhas eram sexualmente ativas... Comprar camisinha estava fora de cogitação. Os meninos tbém não gostavam de usar preservativo (medo de brochar).
Além de tudo isso, o Posto nem sempre tem preservativos. E às vezes mesmo tendo, nega a alunos adolescentes. Um aluno meu, de 14 anos foi ao Posto. Lá, a atendente disse o seguinte"meu filho, vc é muito novinho para essas coisas, vá brincar." Deu um sermão e o aluno chegou para mim furioso: "Professora, nunca mais me diga para pegar preservativo lá. Não vou!" Eu ia dizer o que?
Outra aluna veio me contar que teve sua primeira relação sexual na rede da casa do namorado. E me disse que 'teve gosto de areia'. Nunca entendi o que isso queria dizer. Talvez que foi sem graça. Provavelmente foi uma coisa rápida e ela nem conseguiu entender direito o que foi.
Engraçado é que até hj meus alunos e alunas perguntam praticamente as mesmas coisas. Hj uma menina me perguntou a diferença entre masturbar e gozar. Já me perguntaram pq homem não menstrua. E uma que demorei a entender: "Professora, se a menina fizer xixi depois da relação sexual ela pode engravidar?" Não entendi a lógica da pergunta na hora, e respondi que poderia. Eu não via relação entre o 'fazer xixi' e o ato sexual. Depois de uns dias é que a 'ficha caiu': o menino que me fez a pergunta não sabia que mulheres tem relação sexual por um orifício diferente do que sai a urina. Ele fez uma analogia com o que ele conhecia: o corpo masculino.
Assim que entendi, expliquei na sala que o corpo masculino é diferente do feminino. Que a mulher faz xixi por um orifício (uretra) que está perto de outro orifício, a vagina. Que é pela vagina que sai a menstruação, o bebê na hora do parto e por onde entra o pênis na relação sexual vaginal.
Percebi que eles e elas entenderam (eu mostrei tudo no atlas). Comentando com colegas sobre a confusão do menino (achar que ao fazer xixi a menina eliminaria o esperma), uma amiga me disse que com ela aconteceu pior. A comadre dela, que morava no interior do estado, disse que ela tinha só "dois buracos: um para fazer xixi, namorar e por onde descia a menstruação, e outro para fazer cocô". Minha amiga disse que tentou explicar a essa comadre que os orifícios eram diferentes, que era só ela pegar um espelhinho e olhar. Mas a comadre dela, irredutível, disse: "olha comadre, as mulheres de Aracaju então são 'tudo' aleijada, pq as daqui só tem dois buracos." E fim... Discutir como?

Trabalho, muito trabalho...

Estava olhando umas fotos antigas, de 1991.
A primeira Feira de Ciências que organizei. Tive ajuda, e muita. Jacinta, Jenolita e Fátima, minhas colegas de Ciências, Madalena e Gilson de História, se empenharam muito para que essa Feira fosse interessante. E foi.
Três turnos participando, durante três dias. Tínhamos atividades pela manhã, tarde e noite. A gente não tinha juízo... E noss@s alunos e alunas adoravam.
Nas fotos estão os alunos e alunas da 8ª série (me permitam não usar 9º ano), que encenaram uma 'peça' que usava os moldes da 'escolinha do Professor Raimundo'. Eles escreveram e encenaram. As apresentação foram nos 3 turnos. Época boa. Era cansativo, mas nesses momentos os alunos mostravam todo o potencial.
Como em uma Gincana Ecológica que fizemos. Uma das atividades era apresentar (em forma de encenação, jogral, coral, ...) uma música com teor ecológico. Uma turma me surpreendeu. Na realidade surpreendeu a tod@s.
Eles iniciaram com uma encenação da música "Xote Ecológico". Na realidade foi uma introdução à música. A ideia era interessante: mostrava Luiz Gonzaga e Chico Mendes rapazes sonhadores. Luiz vai para o sul, tentar a sorte como cantador, e deixa Chico Mendes, brigando pelo ambiente. Passam-se 20 anos, e Luiz Gonzaga volta (com os cabelos brancos de pó de giz). Pergunta a um rapaz que ele encontra, onde pode encontrar Chico Mendes. A resposta do rapaz é que Chico Mendes foi morto, por que procurava defender o ambiente. Aí, Luiz profundamente tocado pela morte do amigo, começa a música, e é seguido por todos os integrantes da turma, que fazem coro com ele.
Foi lindo.
Até hoje não sei quantas Feiras de Ciências, Semana do Meio Ambiente, Gincana Ecológica,... realizamos nessa escola. Ela foi a grande escola para mim. Lá aprendi o valor de um grupo coeso, no qual todos trabalham em prol de um só objetivo. Novinha, acreditava que em todas as escolas deveria ser assim.. Ledo engano.

O primeiro dia

Como é o primeiro dia de uma professorinha?

Eu pensava que ia chegar na escola, me apresentar, saber quais as turmas e ter tempo de preparar as aulas.

Isso EU pensava. Mas não foi bem assim que tudo aconteceu.

Lembro como hoje: cheguei na escola no dia 28 de novembro de 1990. Era o horário do recreio (à tarde). A diretora estava cheia de coisas para resolver e, assim que me recebeu, foi logo disparando: "Os alunos não tiveram uma aula de Ciências esse ano. Você vai ter que dar 180 horas aula." Caí sentada na cadeira, provavelmente de boca aberta. Como dar 180 horas/aula se o ano estava terminando?

Mal sabia eu que começava minha carreira conhecendo um fator importantíssimo na educação: 'mágica'!

Mas a diretora não parou por aí. Disse que era melhor eu começar logo naquele dia, assim que terminasse o recreio, pq era menos um dia letivo para repor... Eu quase caio da cadeira.

A diretora vendo meu desespero, tentou me acalmar. Me deu livros das séries que eu iria lecionar (7ª e 8ª) e me levou para a sala dos professores. Lá conheci pessoas que marcaram profundamente minha vida. Professores e Professoras que merecem ter seus nomes escritos com letras maiúsculas. Eram pessoas que faziam muito mais que apenas lecionar, suas aulas eram verdadeiras lições de vida.

Depois fui literalmente 'jogada aos leões'. A diretora me levou às minhas turmas. Lá fez as apresentações de praxe, e fui deixada na turma que teria aula naquele horário.

Como eu estava? APAVORADA!!!

Aquelas criaturinhas pareciam que iam me morder. Ouvi diversas reclamações dos alunos. Estavam furiosos (e com razão). Era a última semana de aula deles. A semana seguinte seria das provas da última avaliação.

Mas, como não tinha jeito, tentei conversar com os alunos e alunas explicando que eu não tinha culpa dessa demora.

Depois de um tempo, fui falando dos conteúdos, explicando o que veríamos em sala e os trabalhos que eles teriam que fazer para que eu pudesse justificar as notas (eram oito avaliações).

Ah, sim. Na sala dos professores, o vice-diretor me explicou que eu usaria 'módulos' para cobrir todas as aulas. Professores e Professoras foram pacientes, me explicaram como assinar os módulos, que deveria deixar os trabalhos dos alunos (corrigidos) nas pastas deles, e assim fui me acalmando um pouco. Era possível fazer 'mágica'. E a 'mágica'tinha até nome: "módulo'...

Meu primeiro dia terminou, e surpreendentemente (para mim), não morri. Não cheguei nem perto de ficar doente. Depois dos primeiros minutos de revolta, as conversas foram mais amenas e conseguimos chegar a um bom termo.

Vi que os alunos eram alegres, participavam, e que nem sequer mordiam....

Foi o início desse vício que me embriaga até hoje: lecionar.