Uma Introdução

Uma Introdução

Porque criar um blog sobre as coisas que eu presenciei e ouvi durante minha carreira como professora de Educação Básica?

Nunca achei que alguém se interessasse por coisas que para mim são comuns, o cotidiano de uma professorinha.

Mas um amigo (Joseph), pensa diferente. Ele achou que minhas histórias poderiam ser interessantes. E me incentivou a escrever um Blog.

Talvez ele tenha razão. Afinal, uma pessoa que está em sala de aula a mais ou menos 20 anos deve ter algumas histórias para contar. E posso dizer que minha vida de professora (e esse blog é só sobre isso) não foi nada calma. Monotonia nunca fez parte da minha vida profissional. Criança é um bichinho que inventa...

As histórias que vou contar aqui são variadas. Algumas aconteceram comigo, outras com amig@s e alun@s. Para preservar a identidade das pessoas que foram protagonistas das histórias, vou trocar não apenas os nomes, mas outras características (idade/sexo/lugar onde o fato ocorreu). Resumindo, vou contar as histórias, mas sem revelar dados que possam identificar as pessoas envolvidas. Conto o milagre, mas não digo o santo.

Convido vcs a lerem um pouco dessas minhas 'aventuras' como professora. Trabalhei (e trabalho) em escolas de bairros bem pobres, onde faltava quase tudo. Menos a boa vontade de colegas e diretores para fazer a coisa dar certo. Pelo menos na maioria das vezes.

Um doce amigo e sua relação com a escola

 Oi gente,

Normalmente falo das coisas que aconteceram comigo nas escolas que lecionei. Mas hoje vou falar da relação de um doce amigo (como ele mesmo lembrou, desde a época do Orkut - acho que algumas pessoas que lerem isso nem vão saber o que foi o Orkut) com a escola. Ele mesmo descreve essa relação aqui https://adrianidades.wordpress.com/2021/06/17/escola-que-faz-parte-da-gente/, no blog dele. Vale a pena ler. Tem cada postagem que me faz pensar bastante... Sugiro começar do início  https://adrianidades.wordpress.com/


Pelo que entendi, meu amigo Adriano teve uma relação 'agridoce' com a escola. Um local onde se sentiu 'bem vindo', mas também onde sofreu a homofobia que sempre permeou o ambiente escolar. Ele conta que era 'quietinho' e tirava boas notas. Eu também. Mas diferente de Adriano eu jogava futebol, e segundo meu pai muito bem. Não gostava de brincar de boneca, o que me chamava atenção eram as brincadeiras ativas (aquelas nas quais eu podia ralar o joelho, quebrar um dente ou até mesmo sair no murro com alguém). A verdade é eu não era uma criança calma fora da escola. 

Na escola era quieta e quase muda. Mas porque eu AMAVA aprender. Para mim era fascinante ouvir atentamente minhas professoras e meus professores. Aprender me fazia um bem...

Acho que Adriano também gostava de aprender. E ele, diferente de mim era bem perfeccionista, pelo que percebi. 

Quando estava na escola e jogava bola não lembro de ter recebido nenhum tipo de preconceito. Talvez a década de 70 do século XX, que tinha como ícones cantores como Ney Matogrosso, possa ter sido menos agressiva para quem se atrevia a transgredir os papéis de gênero. 
Mas acho que não sofri tanto preconceito porque era vista como menina/mulher. Acredito que a grande pressão, a homofobia 'descarada' e agressiva ocorra contra os meninos. Se for menino, a pressão para a manutenção de determinados comportamentos é imensa.

Não quero dizer que meninas não podem sofrer homofobia. Mas eu não sofri. pelo menos não quando era criança/adolescente. 

Adriano também fala que o trabalho em grupo ajudava a ter uma proximidade com colegas. 
A proposta do trabalho em grupo é a socialização. E se possível que todos colaborem com o mesmo. Mas sei que é bem difícil. 

Meu doce amigo fez licenciatura, pena que não conseguiu ir adiante. Talvez, como ele mesmo diz, tenha faltado um bom estágio.

Aqui meu recado a meu amigo e a quem teve problemas no estágio: Adriano, amor, isso acontece em grande parte dos estágios. Gente 'encrenqueira' como eu, que acompanha estagiários em TUDO, não é comum. Se você estivesse aqui em Aracaju eu conseguiria uma amiga de Língua Portuguesa que cuida super bem das pessoas que fazem estágio com ela.
Eu sou muito preocupada com  todas as etapas do estágio. Acompanho desde a preparação das aulas (eu dou muito palpite, mas deixo livre para fazer como se sentir mais confortável, contanto que não prejudique a turma), nas aulas (assisto todas e tomo cuidado para que minhas oncinhas disfarçadas de anjo - alunas e alunos - não tirem nenhum pedaço da pessoa que está estagiando), até a produção de avaliação das criaturinhas. Ou seja, sou chata. 

Mas acredito que uma professora regente bem chata pode ajudar melhor quem quer seguir a carreira de professor(a).

Adriano fala da dificuldade que deve ser organizar uma Feira de Ciências. Só quando ele colocou isso que percebi como sempre foi fácil. Mas não por mérito meu. Sou naturalmente desorganizada. O mérito sempre foi do grupo de professoras e professores com quem trabalhei. Quando organizava a Feira, tínhamos reuniões nas quais o grupo fazia perguntas e isso dava om rumo e deixava claro o que precisávamos fazer. Não apenas a professora de Ciências fazer, mas todo o grupo. E funcionava. Mérito de meus colegas, admito. Isso se repetia em qualquer evento: dia do Folclore quem organizava eram as professoras de História. Mas eu e as demais professoras e professores nos somávamos e as coisas funcionavam muito bem. O grupo funcionava. Só agora percebi.

Mas vou dizer para vocês: eu e minhas colegas éramos meio doidinhas. Certeza. A gente ia com as crianças para diversos lugares da cidade em ônibus de linha. Pagávamos as passagens e íamos a diversos  lugares com as criaturinhas. Nunca perdi nenhum aluno ou aluna assim. Todos e todas comportadinhos (as). E uma meia dúzia de professoras com cada turma. kkkk 

Para finalizar, digo que leiam o blog do Adriano e me digam se alunas e alunos não ganhariam bastante com um professor tão sensível, inteligente e culto. Tenho certeza que sim.