Uma Introdução

Uma Introdução

Porque criar um blog sobre as coisas que eu presenciei e ouvi durante minha carreira como professora de Educação Básica?

Nunca achei que alguém se interessasse por coisas que para mim são comuns, o cotidiano de uma professorinha.

Mas um amigo (Joseph), pensa diferente. Ele achou que minhas histórias poderiam ser interessantes. E me incentivou a escrever um Blog.

Talvez ele tenha razão. Afinal, uma pessoa que está em sala de aula a mais ou menos 20 anos deve ter algumas histórias para contar. E posso dizer que minha vida de professora (e esse blog é só sobre isso) não foi nada calma. Monotonia nunca fez parte da minha vida profissional. Criança é um bichinho que inventa...

As histórias que vou contar aqui são variadas. Algumas aconteceram comigo, outras com amig@s e alun@s. Para preservar a identidade das pessoas que foram protagonistas das histórias, vou trocar não apenas os nomes, mas outras características (idade/sexo/lugar onde o fato ocorreu). Resumindo, vou contar as histórias, mas sem revelar dados que possam identificar as pessoas envolvidas. Conto o milagre, mas não digo o santo.

Convido vcs a lerem um pouco dessas minhas 'aventuras' como professora. Trabalhei (e trabalho) em escolas de bairros bem pobres, onde faltava quase tudo. Menos a boa vontade de colegas e diretores para fazer a coisa dar certo. Pelo menos na maioria das vezes.

Algumas aulas diferentes

Pelo que conheço de meus colegas, uma das maiores satisfações é perceber que alunos e alunas estão aprendendo. Para mim é tudo de bom!

Sempre procurei usar diversas metodologias, trabalhar de forma a levar o conteúdo de forma mais fácil para alunos e alunas.

Continuo assim. Mas depois do mestrado algo mudou. Minha forma de ver os conteúdos está diferente. E acredito bem melhor.

Por exemplo, em 2018 eu estava falando de Biomas para os 7º anos. Falando de Caatinga. Primeiro coloquei a imagem que as pessoas estão acostumadas a ver, qdo o assunto é esse.



Aí mostrei outra foto, só que essa, do entardecer na Caatinga.


Então mostrei a foto abaixo, com flores na Caatinga.



As criaturinhas (alunos e alunas) adoraram ver como a Caatinga é bonita. Até foto tiraram. Amei!!

Acredito que preciso falar de beleza. Que mesmo quando algo nos é apresentado como feio, árido, tal informação pode ser incompleta. E que meus anjos possam perceber isso. Que existe interesse em colocar o Nordeste como um lugar de fome e seca. E a Caatinga como exemplo dessa realidade. Mas existe outro lado dessa história. A de que no Nordeste existe beleza, mesmo na seca. Existe flor, existe resiliência. Não sei se consegui explicar tudo direitinho (uma aula passa tão rápido...). Mas tentei.


Além do X  Y

Estava olhando o Facebook e vi uma postagem de uma pessoa muito especial: Ângela Maria Freire. Ela é Professora da UFBA e trabalha com gênero. A postagem tinha uma imagem com Bart e Lisa Simpsons.

Salvei a imagem e guardei. Para usar quando falasse de Genética.
Dei as aulas, falei de Mendel, das pesquisas,...
Fiz a prova. Não consegui usar a imagem. Mas o assunto seguinte seria Evolução. Então aproveitei para usar quando voltei à genética. Para falar da Teoria Sintética da Evolução.
Expliquei a imagem com algumas informações de trabalhos científicos (dei tudo escrito):

Meus anjos ficaram abalados(as). Nunca imaginaram que a determinação genética do sexo poderia não funcionar. Quando fui explicando as criaturas falavam que era muito diferente. Que mudava tudo na forma de pensar. Aí expliquei que usei essa imagem justamente para perceberem que genética não é determinismo. Que o ambiente tem papel importante. E que todas as formas diferentes de ser homem (tendo dois cromossomos X) ou mulher (com um cromossomo X e outro Y) são naturais.
O organismo dessas pessoas funciona um pouco diferente, mas isso é algo que acontece.

Percebi que mostrar essas informações quebrou algumas 'certezas'. Isso é bom!!

E viva a Biologia!