Uma Introdução

Uma Introdução

Porque criar um blog sobre as coisas que eu presenciei e ouvi durante minha carreira como professora de Educação Básica?

Nunca achei que alguém se interessasse por coisas que para mim são comuns, o cotidiano de uma professorinha.

Mas um amigo (Joseph), pensa diferente. Ele achou que minhas histórias poderiam ser interessantes. E me incentivou a escrever um Blog.

Talvez ele tenha razão. Afinal, uma pessoa que está em sala de aula a mais ou menos 20 anos deve ter algumas histórias para contar. E posso dizer que minha vida de professora (e esse blog é só sobre isso) não foi nada calma. Monotonia nunca fez parte da minha vida profissional. Criança é um bichinho que inventa...

As histórias que vou contar aqui são variadas. Algumas aconteceram comigo, outras com amig@s e alun@s. Para preservar a identidade das pessoas que foram protagonistas das histórias, vou trocar não apenas os nomes, mas outras características (idade/sexo/lugar onde o fato ocorreu). Resumindo, vou contar as histórias, mas sem revelar dados que possam identificar as pessoas envolvidas. Conto o milagre, mas não digo o santo.

Convido vcs a lerem um pouco dessas minhas 'aventuras' como professora. Trabalhei (e trabalho) em escolas de bairros bem pobres, onde faltava quase tudo. Menos a boa vontade de colegas e diretores para fazer a coisa dar certo. Pelo menos na maioria das vezes.

Profissionais

Tenho pensando na importância de ser chamada de 'professora'. Gosto de ser reconhecida como 'professorinha'. Sou professora de Educação básica e não me vejo em outra profissão. Quando comecei a lecionar tive contato com Professores e Professoras que foram importantíssimos na minha trajetória. E para mim, estes seres humanos ímpares, devem ter o nome "Professor/a"  escrito em maiúscula. São pessoas que, na minha concepção, se destacaram pela seriedade e comprometimento com o trabalho de lecionar.

Isso eu já disse em uma das primeiras postagens desse blog. Mas porque repetir?
Por que essa pandemia de Covid-19 me fez lembrar de outra pandemia, a da AIDS.
Quem vivenciou como eu, os primeiros momentos de descoberta da doença, do vírus, as ideias erradas sobre 'grupos de risco', as mortes (foram muitas),  os primeiros medicamentos, a nova perspectiva de 'viver com AIDS, sabe como alguns profissionais foram essenciais para que mais pessoas pudessem viver.  Assim como hoje, profissionais da saúde foram necessários nos cuidados com as pessoas que adoeciam.

Imagino o medo, o pavor que toma conta de alguém que trabalha na saúde enfrentando um inimigo tão desconhecido. No início da pandemia da AIDS nem sabíamos com o que estávamos lidando. Apenas que pessoas estavam morrendo. Foi um momento triste. Não só pelas perdas, mas pela intolerância: falaram de 'peste gay', que era um 'castigo divino', ... Mas o tempo mostrou (e foi bem rápido) que outros seres humanos que não estavam no tal 'grupo de risco' estavam adoecendo com o vírus. Vimos então, que o vírus, diferente do que aqueles preconceituosos diziam, não era seletivo. Homens, mulheres, homossexuais, bissexuais, heterossexuais, adultos e crianças. Ninguém estava livre. Os cuidados preventivos eram para todos/as.

Nesse momento tão crucial, que precisávamos urgentemente de respostas, de alguém que nos mostrasse um caminho,  alguns profissionais de destacaram na linha de frente do trabalho. Tanto com portadores do vírus como na prevenção. Um desses profissionais foi Doutor Almir Santana. Ele foi gigante trabalhando sozinho durante um bom tempo. Como ele mesmo diz, era a 'euquipe'. Fazia prevenção (dava palestras em qualquer lugar, ia a prostíbulos conversar com as 'meninas', orientando o uso da camisinha ...) , atuava na testagem orientando cada um que chegava. Explicava os resultados para quem fazia o teste.

Estou dizendo tudo isso para deixar claro o motivo de chamar Almir Santana, médico que dedicou boa parte da vida a trabalhar com AIDS, de 'Doutor'. Não adianta alguém me dizer que "só é doutor quem tem doutorado". No caso do Dr. Almir, ele tem mais que um doutorado, na minha forma de ver. Ele se dedicou de corpo e alma, em uma época que pouco se sabia sobre a AIDS para trabalhar incessantemente tudo que se referisse a essa doença.

Todo mundo em Aracaju sabia da dedicação de Dr. Almir ao trabalho com a AIDS. Tanto que ele perdeu quase todos os clientes particulares. Afinal, como ir a um médico reconhecidamente trabalhando com AIDS? O que outras pessoas iriam pensar? Provavelmente que o cliente/paciente era portador do vírus (nessa época  a coisa era pesada, dizia-se 'aidético').

Essa dedicação, reconhecida em todo o estado, é o que faz com que reconheça, no meu coração, que ele é 'doutor'. Doutor em humanidade. Sei de diversos casos nos quais a atuação dele, salvou vidas. Mesmo em áreas nas quais ele não tinha responsabilidade (não eram casos de DST/AIDS). Mas um pedido, uma necessidade urgente, fazia ele se envolver até resolver. Ele é mais que médico. Para mim ele é Doutor, e com D maiúsculo.




Ainda Pandemia


Estar longe de quem amamos, sem perspectiva de um abraço é complicado. Mas quando essas pessoas estão passando por um momento difícil, e você se vê impotente, sem poder ajudar, é massacrante.

Uma tia e um tio adoeceram. Não pude ajudar em momento algum. Minhas primas que ficaram com todo o peso dos cuidados. Talvez, em outras famílias isso não seja tão complicado, mas a minha é 'grudenta'. Tudo que acontece com alguém repercute em todos. Alegrias e tristezas são partilhadas.

Lembro quando tive que fazer uma pequena cirurgia. Algo simples, mas precisei esperar na urgência até conseguirem uma vaga. Minha família? Enlouqueceu. Minhas tias 'atacaram' as pobres das minhas primas (principalmente Débora) para conseguirem logo uma vaga. É um povo alvoroçado. Ama de forma estabanada e alvoroçada. Um amor que cuida, que se faz presente. Sabemos que sempre estarão ao nosso lado quando precisarmos. Ah, nenhum de nós é perfeito, longe disso. A gente briga mesmo. Mas ninguém pense em aprontar com qualquer um. Comprar briga com a família toda, mesmo com o que estava mais afastado, por alguma desavença.

Então, nesse momento de pandemia, ficar de longe, sem poder fazer muito, sem dar um abraço de conforto, é extremamente doloroso.

De alguma forma essa característica de cuidar eu levo para a sala de aula, para meus amigos. Procuro cuidar, apoiar, estar perto. Fiz isso minha vida toda. Mas essa miséria de pandemia não deixa. Como ficar longe de pessoas queridas quando passam por dificuldades? Isso é muito ruim.

Ainda converso com alunos e alunas. Mas não é a mesma coisa. Sinto falta dos abraços, dos beijos, de tudo. Meus anjos fazem falta. Estar ao lado dessas coisinhas faz falta.

Como dizem minhas colegas, a gente sente falta até das criaturas que aprontam. E rezo para encontrar todos bem, com saúde, depois que esse furacão passar.

Por que um dia isso passa. Tenho certeza.

As vezes que fui ‘tia’


Quero deixar claro que sou “freiriana”. Amo Paulo Freire. Para mim é o maior pensador sobre a educação que o mundo já teve.

Nos primeiros anos que lecionei fui obediente a ideia que Paulo Freire defendia: Professora não é ‘tia’.
Tive contato com essa ideia durante minha formação universitária. Ouvi diversas vezes que enquanto profissional não deveria permitir que alunos e alunas me tratassem por ‘tia’. Entendi a ideia, concordei, e chamava atenção de alunos e alunas que tentassem me ver como ‘tia’.

Isso enquanto trabalhava como professora de Ciências, no turno da tarde, em uma escola periférica em Aracaju. Nessa escola lecionei para alunos e alunas de 13 a 16 anos. Não trabalhei com alunos mais novos. Nunca me percebi ‘tia’ nessa escola.

Fui para outra escola, essa central, com muito mais recursos. Também no turno da tarde. Continuei me vendo ‘professora’. Não aceitava ser ‘tia’ de jeito nenhum. Aí mudei o turno, passei para o noturno. Ensino médio noturno, com alunos e alunas com mais de 18 anos (alguns idosos), lecionando Biologia.
Ingenuamente, eu pensava que no turno noturno, lidando com pessoas adultas, a ideia de ‘tia’ desapareceria. Ledo engano. Alunos e alunas vez por outra me chamavam de ‘tia’.

Considerando a idade das criaturas (pessoas com mais de 18 anos), imaginei que me chamavam de ‘tia’ como provocação. Quem leciona a algum tempo sabe que alunos e alunas quando descobrem algo que te incomoda muito repetem a ‘gracinha’ para serem repreendidos. Essas criaturas querem que o/a professor/a pare a aula e demore uns 15 minutos reclamando. É estratégia para diminuir o tempo efetivo de aula.

Quando a gente percebe a estratégia e não dá importância para a ‘gracinha’ (continuando a aula normalmente), geralmente alunos e alunas que faziam as provocações desistem, pois percebem que não vão conseguir parar a aula.

Mas, mesmo não reclamando quando me chamavam de ‘tia’, as criaturas ainda se referiam a mim como ‘tia’. Não entendi nada. Mas aí comecei a observar que na maioria das vezes, alunos e alunas me chamavam de ‘professora’. Só em alguns momentos (geralmente no corredor) é que se referiam a mim como ‘tia’. E mesmo assim quando o que iam falar era algo mais pessoal. Quando pediam um conselho.

Quando observei esses detalhes percebi que para alunos e alunas, a ‘tia’ era a pessoa que ouvia, já a ‘professora’ a que falava.
Compreendi então, que ser chamada de ‘tia’ nesses momentos não tinha relação com meu trabalho, já que em sala eu continuava sendo chamada de ‘professora’, e isso me deixou mais tranquila. Consegui harmonizar meu dois ‘eus’: a ‘professora’ Mônica, de Biologia, e a ‘tia’ Mônica, para quem alunos e alunas pediam conselhos.

Fui trabalhar em outra escola no turno da tarde (continuei no turno noturno também). Nessa escola lecionei para alunos de 10 a 16 anos.
Uma das primeiras vezes que lidei com ‘bebês’. Meus anjos de 10 anos tinham uma inocência e vivacidade impressionantes. Ah, e me chamavam de ‘tia’. Estavam acostumados/as a chamar as professoras do Fundamental menor de ‘tia’. Fui deixando. Já não me incomodava mais ser ‘tia’. Sabia que era uma boa profissional, e não me preocupava com a terminologia. Talvez estivesse errada, mas não tinha coragem de brigar com aquelas coisinhas. Tão inocentes...

Aí observei que com o tempo as coisinhas passaram a me chamar mais de ‘professora’. Provavelmente perceberam que os colegas mais velhos não se referiam aos professores e professoras por ‘tio’ e ‘tia’. Foram mudando gradualmente. Naturalmente. Talvez outros colegas reclamassem, mas eu nunca reclamei.

Nas turmas de alunos e alunas mais velhos, eu raramente era chamada de ‘tia’. Como já havia observado no Ensino Médio noturno, a ‘tia’ era aquela que ouvia e aconselhava. Geralmente fora da sala de aula.

Tenho pensado muito nessa minha dicotomia professora/tia.
Lembrando de fatos nos quais mais que professora, fui ‘tia’.

Como professora minha função é lecionar. Ajudar alunos a alunas a aprender da melhor forma possível.
Mas e quando o que eu fiz não teve nada a ver com ensino de Ciências/Biologia?

Fui lembrando de diversos momentos em que a professora não era suficiente para lidar com alguma questão, e nessa hora a ‘tia’ assumia. Como quando ouvi minha aluna dizer que era abusada sexualmente por um rapaz que era responsável por uma parte do tráfico no bairro, e que ele ameaçava matar a família dela se não cedesse ou contasse a alguém. Não era função da professora de Ciências lidar com isso. Mas eu e outra professora lidamos. Orientamos e as coisas foram resolvidas. Nesse momento eu fui ‘tia’.

Ou quando o grupo de professores e professoras impediu a entrada da polícia de na escola. Queriam entrar em confronto com nossos alunos e alunas. Tudo por que um aluno foi preso na porta da escola e as crianças se revoltaram. Nós, professores e professoras ficamos no meio do fogo cruzado. Entre a polícia e as crianças.
Não era nossa função de professores e professoras tentar evitar o desastre. Era função da direção, que não estava na escola e ninguém sabia onde estava. Nesse momento, de extremo perigo, fomos mais que professores e professoras, fomos ‘tios’ e ‘tias’. Só tendo uma afetividade intensa para colocar nossas vidas em risco, tentando proteger as coisinhas.

Também fui ‘tia’ quando um ex-aluno foi me procurar preocupado com uma questão sexual: não estava conseguindo ter um relacionamento com a namorada. Sempre ejaculava antes. Pediu ajuda. Eu tentei tranquilizar e disse que a situação era normal. Que provavelmente ele estava ansioso com a possibilidade da relação sexual com a menina que gostava. Disse que acreditava que tudo se resolveria logo. Mas se continuasse deveria procurar um médico. Orientei para procurar um urologista, ou mesmo um clínico geral se as coisas não melhorassem. Mas que acreditava que era só uma fase. No dia seguinte o rapaz veio me contar que “deu tudo certo.”
Nesse momento acredito que a ‘tia’ e a ‘professora de Ciências’ tenham atuado conjuntamente. A tia para ouvir, a professora de Ciências para dizer que era ‘normal’ e com isso acalmar o menino.

Lembrei de diversos momentos em que a ‘tia’ foi chamada para a conversa. Para ouvir. Para consolar. Como quando um aluno, em plena prova de Ciências, disse “professora, meu pai está sendo operado agora, será que ele vai morrer?”.  A professora, toda sem noção, foi logo questionando o fato do menino estar na escola. Mas aí, a ‘tia’ com mais bom senso, assume e entende que o melhor lugar para o menino estar era na escola. Seguro, protegido. Com pessoas que poderiam apoiá-lo. Deveria estar no hospital com a mãe? A ‘tia’ abraçou o menino e ouviu o que ele tinha para contar. Deixou ele desabafar e depois disse para ele sair e ir beber água. Que desse uma voltinha e conversasse com algum colega. Se alguém questionasse o fato dele estar fora da sala, mandasse falar com a professora que ela resolveria. Voltei a ser a professora e prestei atenção na turma.

Um dos momentos em que a ‘tia’ foi mais necessária, até hoje me deixa abalada. Foi quando ao entrar um uma turma de 8ª série (atual 9º ano) vi que meus alunos e alunas não estavam na sala. Seus corpos estavam, mas suas mentes e corações estavam em outro lugar. Pareciam zumbis. Alguém havia comentado antes de entrarmos nas salas que uma aluna tinha sido arrastada pelos cabelos por um carro, uma cena tenebrosa. E que muitos alunos a alunas haviam assistido. Era essa a turma que assistiu todo o filme de terror.

A professora não podia trabalhar nesse contexto. Como lecionar para essas criaturas? Impossível. Hora da ‘tia’ assumir. E pedir que falassem, que contassem o que estava incomodando. O que ouvi foram frases estarrecedoras. “Professora, a gente estava voltando para casa e aí um carro se jogou em cima da gente. Pulamos, mas a colega ficou presa ao para-choque do carro pelos cabelos.”; “Gritamos, corremos atrás do carro pedindo para parar.” “Quando o cabelo soltou, ela ficou lá, estendida no chão, com o couro cabeludo todo para a frente.”  
Essas e outras frases foram repetidas diversas vezes ao logo do mês. Nós professores e professoras não lecionamos nessa turma até conseguirmos um mínimo de presença mental. Só ouvimos. Choramos junto com nossas crianças sem saber o que fazer. Fomos tios e tias. Nesse momento essas crianças não precisavam de professores e professoras para aprender algo. Precisavam de alguém que as ouvisse. Que as acalentasse. Que inclusive se indignasse com elas pela morte brutal da colega.
Pensando em tantos momentos que meus alunos e alunas não precisavam de mim como ‘professora’, como profissional que leciona, percebo que a tia tem um espaço bem grande na minha trajetória.

Sei que Paulo Freire falou da nominação de ‘tia’ principalmente em escolas particulares. Talvez, nesse sentido a ideia de que ‘professora não é tia’ faça todo sentido.

Mas para minhas crianças, muitas vezes a ‘tia’ se faz necessária. Imprescindível. Quem consolaria essas crianças em suas dores? A aula de Ciências? Temas como seres vivos, astronomia, genética, evolução, são muito importantes. Mas eles só podem ser ensinados e aprendidos quando o coração e a mente estão em paz.
Por tudo isso, embora concorde com Paulo Freire que devemos ter cuidado com a nominação de ‘tia’, que não devemos confundir o papel de professora com o de ‘tia’, entendo que essa ‘tia’ deve existir.

Mas a ‘tia’ não é professora. Ela não é a profissional que leciona.  Ela é aquela que acolhe e ouve. Sua função não está em conflito com a da professora. Elas se complementam.

Professora e tia podem conviver muito bem se professores/as e alunos/as soubermos compreender a função de cada um.

Interessante que meus alunos e alunas sempre entenderam. Em sala, quando estava lecionando, sempre fui a professora. A ‘tia’ só aparecia quando o momento exigia. E mesmo assim, várias vezes em que a tia estava presente, me chamavam de professora. Atualmente, como já sei distinguir que ao consolar uma criança não é a professora quem está atuando, falo “vem cá com a tia”, “vamos na sala da coordenação com a tia beber um pouco de água”. Mas a professora está aí, porque ao mesmo tempo que a ‘tia’ acolhe uma criança, fala para o resto da turma “Façam a atividade enquanto eu venho já.”
Essa é a função da professora, orientar o trabalho de seus alunos e alunas para propiciar uma aprendizagem mais efetiva. Para orientar, ela deve falar. Deve também instigar seus alunos e alunas a falarem, a expressarem como estão processando o aprendizado. Por quais caminhos estão seguindo, para quando for necessário, tentar promover uma reflexão se o caminho que estão seguindo é o mais adequado. Nesse sentido, a professora tem uma atitude mais ativa, mais falante.

Já a ‘tia’ é apenas aquela que procura cuidar do coração das crianças. Que tenta dar um pouco de alento, ajudar a passar pelas angústias, pelos medos. Para tanto ela precisa ouvir. Tentar encontrar dentro da história de dor, algo que possa dar conforto e esperança.

Gosto de ser Professora. Ser Profissional de ensino. Me faz bem estar em sala de aula. Lecionar é essencial para mim.

Mas ser tia também me deixa feliz. Porque ao ser tia, eu sei que contribuo um pouco para a vida das crianças.