Uma Introdução

Uma Introdução

Porque criar um blog sobre as coisas que eu presenciei e ouvi durante minha carreira como professora de Educação Básica?

Nunca achei que alguém se interessasse por coisas que para mim são comuns, o cotidiano de uma professorinha.

Mas um amigo (Joseph), pensa diferente. Ele achou que minhas histórias poderiam ser interessantes. E me incentivou a escrever um Blog.

Talvez ele tenha razão. Afinal, uma pessoa que está em sala de aula a mais ou menos 20 anos deve ter algumas histórias para contar. E posso dizer que minha vida de professora (e esse blog é só sobre isso) não foi nada calma. Monotonia nunca fez parte da minha vida profissional. Criança é um bichinho que inventa...

As histórias que vou contar aqui são variadas. Algumas aconteceram comigo, outras com amig@s e alun@s. Para preservar a identidade das pessoas que foram protagonistas das histórias, vou trocar não apenas os nomes, mas outras características (idade/sexo/lugar onde o fato ocorreu). Resumindo, vou contar as histórias, mas sem revelar dados que possam identificar as pessoas envolvidas. Conto o milagre, mas não digo o santo.

Convido vcs a lerem um pouco dessas minhas 'aventuras' como professora. Trabalhei (e trabalho) em escolas de bairros bem pobres, onde faltava quase tudo. Menos a boa vontade de colegas e diretores para fazer a coisa dar certo. Pelo menos na maioria das vezes.

Ainda Pandemia


Estar longe de quem amamos, sem perspectiva de um abraço é complicado. Mas quando essas pessoas estão passando por um momento difícil, e você se vê impotente, sem poder ajudar, é massacrante.

Uma tia e um tio adoeceram. Não pude ajudar em momento algum. Minhas primas que ficaram com todo o peso dos cuidados. Talvez, em outras famílias isso não seja tão complicado, mas a minha é 'grudenta'. Tudo que acontece com alguém repercute em todos. Alegrias e tristezas são partilhadas.

Lembro quando tive que fazer uma pequena cirurgia. Algo simples, mas precisei esperar na urgência até conseguirem uma vaga. Minha família? Enlouqueceu. Minhas tias 'atacaram' as pobres das minhas primas (principalmente Débora) para conseguirem logo uma vaga. É um povo alvoroçado. Ama de forma estabanada e alvoroçada. Um amor que cuida, que se faz presente. Sabemos que sempre estarão ao nosso lado quando precisarmos. Ah, nenhum de nós é perfeito, longe disso. A gente briga mesmo. Mas ninguém pense em aprontar com qualquer um. Comprar briga com a família toda, mesmo com o que estava mais afastado, por alguma desavença.

Então, nesse momento de pandemia, ficar de longe, sem poder fazer muito, sem dar um abraço de conforto, é extremamente doloroso.

De alguma forma essa característica de cuidar eu levo para a sala de aula, para meus amigos. Procuro cuidar, apoiar, estar perto. Fiz isso minha vida toda. Mas essa miséria de pandemia não deixa. Como ficar longe de pessoas queridas quando passam por dificuldades? Isso é muito ruim.

Ainda converso com alunos e alunas. Mas não é a mesma coisa. Sinto falta dos abraços, dos beijos, de tudo. Meus anjos fazem falta. Estar ao lado dessas coisinhas faz falta.

Como dizem minhas colegas, a gente sente falta até das criaturas que aprontam. E rezo para encontrar todos bem, com saúde, depois que esse furacão passar.

Por que um dia isso passa. Tenho certeza.