Uma Introdução

Uma Introdução

Porque criar um blog sobre as coisas que eu presenciei e ouvi durante minha carreira como professora de Educação Básica?

Nunca achei que alguém se interessasse por coisas que para mim são comuns, o cotidiano de uma professorinha.

Mas um amigo (Joseph), pensa diferente. Ele achou que minhas histórias poderiam ser interessantes. E me incentivou a escrever um Blog.

Talvez ele tenha razão. Afinal, uma pessoa que está em sala de aula a mais ou menos 20 anos deve ter algumas histórias para contar. E posso dizer que minha vida de professora (e esse blog é só sobre isso) não foi nada calma. Monotonia nunca fez parte da minha vida profissional. Criança é um bichinho que inventa...

As histórias que vou contar aqui são variadas. Algumas aconteceram comigo, outras com amig@s e alun@s. Para preservar a identidade das pessoas que foram protagonistas das histórias, vou trocar não apenas os nomes, mas outras características (idade/sexo/lugar onde o fato ocorreu). Resumindo, vou contar as histórias, mas sem revelar dados que possam identificar as pessoas envolvidas. Conto o milagre, mas não digo o santo.

Convido vcs a lerem um pouco dessas minhas 'aventuras' como professora. Trabalhei (e trabalho) em escolas de bairros bem pobres, onde faltava quase tudo. Menos a boa vontade de colegas e diretores para fazer a coisa dar certo. Pelo menos na maioria das vezes.

Coisas que penso



Grades e portões na escola

Já ouvi muitas críticas às grades e portões nas escolas. Dizem que a escola fica semelhante a uma prisão. Que os alunos devem ficar na escola pq estão atraídos por ela.
Essa 'conversa' sempre me incomodou. Pq não vejo assim.

Trabalho em escolas públicas. A mais de 26 anos. Grades e portões nunca seguraram alunos em sala de aula. Se eles e elas não querem assistir aula se escondem em algum lugar. Se quiserem mesmo sair da escola pulam o muro. Eles geralmente não são muito altos.
Mas as criaturas não querem sair da escola. Podem até não querer ficar em sala de aula, mas querem muito ficar na escola, interagir, conversar...
Essa semana vi um grupo de alunos e alunas passeando de skate no corredor do bloco das salas de aula. Um menino (daqueles que é bom aluno) estava ensinando para as(os) colegas. Da porta da minha sala vi a movimentação e achei legal. Ninguém interviu ou reclamou.
Eles não estavam fazendo barulho, só tentavam se equilibrar em cima do skate. Presenciei alguns tombos.
E voltei para dentro da minha sala de aula.
Não, as crianças não querem sair da escola. Querem que a aula seja mais dinâmica (o que nem sempre é fácil), querem conversar sobre 'aquelas coisas', querem ser ouvidos(as).
Talvez algumas aulas sejam chatas (a minha provavelmente é). Mas não o suficiente para as criaturas fugirem da escola.
Observo que mesmo nos dias que alguma turma sai mais cedo, os anjos ficam na escola. Jogando, conversando, interagindo.
A escola, com seus portões e grades, pode ser um dos poucos lugares que essas crianças tem para brincar (com um mínimo de segurança) de queimado, de vôlei,... Brincadeiras que mexem com o corpo. Na rua tá muito perigoso. Acredito que alguns pais não permitam a saída dos filhos e filhas para brincar na rua.
Ouvi a alguns meses de uma aluna, quando reclamei pela demora da turma para entrar na sala de aula onde preparávamos o material que iriam apresentar no dia do Folclore, que "primeiro a gente precisa brincar". Era uma turma de 8 ano. Que estava do lado de fora da sala (eu via as criaturas jogando através das janelas com grades). Chamava para ajudarem alguns colegas que estavam dentro da sala, mas meus amores continuavam brincando. Não estavam nem aí para mim. kkkk
Mas depois que brincaram uma meia hora entraram e finalizaram o material.

Escola com grades e portões pode dar a sensação de segurança às crianças e adolescentes. E a nós professores. Algumas vezes precisamos colocar alunos e alunas rapidamente dentro da escola e fechar o portão para evitar arrastões, invasões de torcidas e até proteger de tiros. Dentro da escola, com os portões trancados e as salas com grades nas janelas todos (as) acreditamos estar mais protegidos(as).


Isso me incomoda...

Estava olhando um livro de Sociologia e vi um texto que me chamou atenção. O título era "Regra e exceção não tem mais regras", e trata de um artigo da psicanalista Maria Rita Kehl publicado em um jornal de abrangência nacional. O texto de Maria Rita descreve sua indignação sobre uma situação presenciada pela mesma. Ela diz que observava dois rapazes da periferia engraxando os sapatos de um turista, e ao final do serviço os engraxates cobraram 50 reais pelo serviço. O turista não concordou com o preço e deu apenas 10 reais. Um dos rapazes então pega a carteira do turista e tira de lá 50 reais. O turista foge e a psicanalista fala com os rapazes reclamando do preço que os mesmos cobraram para engraxar o 'sapato do gringo'. Os rapazes respondem dizendo que cobram o valor que quiserem e que ela não tem nada a ver com isso, e arrematam com a frase: "Vai buscar o mensalão, madame, que este aqui é nosso".

Ela depois discorre sobre o fato do 'mensalão' ter de alguma forma 'autorizado' as pessoas a fazerem coisas que seriam moralmente erradas.

Mas por que estou contando isso?

Por que o texto me incomodou, e muito. Primeiro pq usou como exemplo 'rapazes da periferia', como se só nesse ambiente encontrássemos pessoas que agissem assim; segundo pq ela reclamou do preço cobrado ao turista, que provavelmente está hospedado em um hotel que cobra mais de 10 reais a hora da internet (ou seja,  5 vezes o valor de uma lan house daqui) e o terceiro ponto quem percebeu foram meus alunos: "porque o turista não perguntou antes o preço?". Vou agora falar um pouco mais a respeito de cada um desses três pontos. 
Primeiro vou explicar que levei o tal texto para a sala de aula do noturno, e meus alunos do Ensino médio ADORARAM o mesmo. Quando falei em sala desse texto lembrei de um fato ocorrido comigo e contei aos meus alunos "estava voltando de um evento para o hotel onde estava hospedada. Perguntei ao taxista (antes de pegar o táxi) se ele sabia chegar no tal hotel, dei todas as informações, inclusive o endereço. Quando estávamos chegando no hotel disse: "Olha o hotel ali" e abaixei a cabeça para pegar a carteira na bolsa. Levantei a cabeça e para minha surpresa o taxista havia passado do hotel. Falei e ele se fez de sonso, dizendo que não havia visto o tal hotel. Nem adiantou falar... Tive que esperar ele dar uma volta enorme e depois chegar ao hotel. Paguei o valor do taxímetro, deixando claro que sabia estar sendo lesada."
Concluí a história e perguntei aos alunos qual a diferença entre a atitude do engraxate em tirar dinheiro da carteira do turista e a do taxista que me levou ao hotel. Foram unanimes em dizer que não havia diferença: ambos havia lesado o cliente. Lesar cliente, agir de forma moralmente incorreta não é privilégio de pessoas da periferia. vemos isso em diversas categorias. Pensem quantos médicos atendem as pessoas de forma superficial, apenas para terem mais clientes e mais lucro? Será que os clientes/pacientes desses médicos ficam satisfeitos com o atendimento à jato? Acredito que não, mas até hj isso não foi motivo para devolução do dinheiro pago na consulta... Aí fica minha dúvida: será que só se percebe a atitude de lesar o cliente quando os prestadores de serviço são pobres? Pobre não pode lesar rico, mas rico pode explorar pobre? Eu acredito que o certo era não ser explorado por ninguém. Cada um fazendo seu serviço, cobrando certo por ele e recebendo o que é justo.

Isso nos leva aos outros dois pontos: o fato da psicanalista só falar do valor abusivo cobrado pelo engraxate, mas não tocar no fato dele ter pego a carteira do turista e retirado 50 reais da mesma e o "porque o turista não perguntou antes o preço?"

Tanto meus alunos quanto eu discordamos do fato do rapaz pegar a carteira do turista e tirar o dinheiro. Mas discordamos  também da atitude do turista em querer pagar apenas 10 reais. Ele pediu um serviço, não perguntou o preço e por achar caro não pagou o valor cobrado pelo engraxate, Quantas vezes nós não pagamos MUITO caro por um determinado serviço? Basta pensar na pipoca e refrigerante que são vendidos nos cinemas: um absurdo de caro. A poucos dias teve um show e meu sobrinho disse que os taxistas estavam cobrando o valor que queriam (mais de cem reais) para levar as pessoas em casa (e olha que os colegas de meu sobrinho moravam perto). Qual a diferença destes para os engraxates? Por que só se reprovou o valor cobrado por eles? Tudo bem, é abusivo. Mas o turista deveria sim ter perguntado o preço. E se ele estivesse no tal hotel que cobra 10 reais a hora do acesso à internet, o que faria depois de usar? Pagaria menos? Ou será que só fez isso pq  era um serviço prestado por quem não poderia recorrer a ninguém se ele se recusasse a pagar?

Não entendo pq tanto 'susto' em uma atitude (cobrar caro) que vemos todos os dias. Embora não coloquem a mão na nossa carteira, subtraem nosso dinheiro do mesmo jeito: são juros abusivos, impostos caríssimos... Mas parece que só se percebe que o valor é absurdo qdo ele é cobrado de quem se veste pobremente. Me lembra uma reportagem que vi a alguns meses na qual questionaram um político sobre o aumento dos salários e perguntaram o que ele acharia se a empregada da casa dele quisesse aumentar o salário dela na mesma proporção que ele concedeu a si mesmo e a seus colegas,  o tal político foi categórico ao dizer que não concordaria se a empregada fizesse isso...

Realmente meus alunos tem razão, foi uma sequencia de erros: primeiro o turista não perguntou o preço do serviço, depois os engraxates cobraram caro pelo trabalho e o cliente se recusou a pagar o valor pedido, a seguir os rapazes pegaram o dinheiro na carteira do 'gringo'. Tudo errado. 

Mas porque só se fala dos erros dos engraxates?

Olha só um fato mais grave ainda, e não aconteceu com pessoas pobres: http://oglobo.globo.com/rio/taxista-arranca-com-carro-para-nao-dar-troco-fere-turista-colombiana-7102606
O mais interessante: não percebi tanta indignação com o ocorrido...





Reprovação é problema para quem?


Semana passada vi em uma das escolas que trabalho uma revista que tinha como título "O problema da reprovação". Fico injuriada qdo vejo essas coisas. Foca-se na reprovação como se esse fosse o real problema. Como se promover o/a aluno/a fizesse ele/a aprender.

O problema, do qual a reprovação é apenas uma consequencia, é que nossos alunos não estão aprendendo. Por diversos motivos, entre eles a falta de professores (começa-se) o ano letivo faltando professores; falta de motivação dos alunos (estudar para ganhar salário de professor?); falta de alimentação em casa 9uma mãe já me disse que não mandava o filho para a escola qdo não tinha comida em casa, acho que por medo do menino desmaiar de fome); e a ideia que basta 'passar de ano', aprender é secundário. Isso sem falar no desestímulo dos professores. A gente passa por cada 'perrengue' em sala de aula que dá vontade de deixar tudo para lá. Não é à toa que os professores adoecem tanto. Como qq profissional querem fazer seu trabalho direito (a maioria quer), mas esbarram em tantos problemas que deveriam ser resolvidos por outras pessoas, e que acabam nas costas do professor, que o conteúdo acaba prejudicado. Vc entrar em sala sabendo que não vai poder fazer o que gostaria por falta de estrutura da escola/secretaria de educação é fogo!! Junta tudo e acrescenta 'professores despreparados', vai ver que os alunos não podem aprender como devem. Só milagre.

E pq não se discute formas de auxiliar a melhorar a aprendizagem dos alunos? Pq isso implica em um investimento alto:  ter professores  desde o início do ano (e o ano todo) de todas as disciplinas. Mais professores na educação infantil (para cuidar melhor das crianças), melhores salários e condições de trabalho para professores; emprego ou condições mínimas de alimentação para as famílias, .... Tantas coisas, e tudo que tem um custo. mas se descobríssemos a maioria dos problemas que dificultam a aprendizagem, talvez pudéssemos melhorar a educação.

Mas enquanto o foco for o índice de reprovação, não tem jeito. O aluno até passa de ano, mas não aprende.


Formatação demais...

Quem me conhece sabe que não sou muito de seguir padrões, regras, ...

Isso não quer dizer que abomino regras. Acho que precisamos de regras para uma boa convivência. Mas não vou me anular como pessoa para 'caber' dentro de um determinado formato.



Não vou usar vestidos para me mostrar 'feminina', ou preferir o rosa ao azul pq sou 'menina'.



Isso eu pensava antes de mergulhar nos textos da academia sobre gênero. Aliás tenho MUITO a agradecer a pessoas que me ajudaram nessa caminhada, Professora Maria Helena, Professora Ângela Maria Freire,  Professora Eliane Maio, Lívia (é Professora, mas uma amiga bem próxima), Claudete, Leisitânia (amigas bem especiais com as quais conversei muito sobre essa formatação de meninos e meninas).

Se me recusava a aceitar um formato para ser percebida como feminina antes do mestrado, depois dele fiquei mais incomodada com qualquer tipo de formatação. Imaginei que ia passar. Ou diminuir. Que nada. Piorou.



Fiquei com dificuldade em formatar meus textos para serem aceitos por revistas/ eventos. No início achei que era cansaço. Depois de um mestrado a gente fica meio escaldada. É formatação demais, detalhe demais para observar em um texto. Aliás aqui mais um agradecimento à minha orientadora do mestrado, Inêz. Ela e a Professora Maria Helena foram fundamentais na minha compreensão de metodologia científica. Entendi que a metodologia é o coração da pesquisa. Uma pesquisa que usa metodologia inadequada pode não conseguir atingir seus objetivos ou pior, obter dados que indicam resultados incorretos.

Mas entender a importância dos procedimentos metodológicos não me deixa confortável em ‘adequar’ minha escrita e meus textos a um determinado padrão (que preconiza o uso do negrito em tal seção, de itálico em outra, ...).

Eu sei que algumas áreas de conhecimento têm maior ligação com normas, padrões. Compreendo que nessas áreas ter um texto ‘formatadinho’, dentro dos padrões exigidos por determinada revista ou evento é algo corriqueiro. Quem convive cotidianamente com certos padrões provavelmente não estranha a exigência de adequação da escrita à uma formatação. Negritos, sublinhados, itálicos, vírgulas, datas, cada coisa no lugar indicado deve ser percebida como apenas mais uma norma que deve ser seguida. Tudo bem.

Mas trabalho com temas que execram a formatação. Quem trata de homossexualidade, gênero, e temas correlatos geralmente discorda da formatação dos corpos. Tod@s autores que conheço e abordam esses temas rechaçam veementemente qualquer forma de engessamento de comportamento.

Aí vem o problema central dessa conversa: então porque diacho, eventos/ revistas que abordam questões ligadas à gênero e homossexualidade, exigem textos com tantas formatações?
Para mim isso é incoerente. Fala-se da escola como produtora e reprodutora de padrões, mas essa escrita, que reprova a formatação da escola precisa ‘caber’ na formatação do evento ou revista.

Para mim isso não está certo. Entendo a necessidade de um mínimo/máximo de caracteres. Até aceito um tamanho de letra para manter a legibilidade. Mas exigir que determinada palavra seja escrita em itálico ou negrito, com as determinadas normas de citação (que exigem uma sequência exata de cada item; autor, título, editora, ano,...) em um evento/ revista que discorda de formatação, na minha forma de pensar é preciosismo.

Deve-se citar o autor, deixar claro de onde vem a ideia descrita, mas sinceramente, não vejo sentido que essa citação siga determinada sequência. É importante deixar claro a autoria, bem como de qual obra retirou a informação, acho legal inclusive citar as páginas (se for citação textual). Mas colocar título em itálico/ negrito serve para que? E pior, a exigência de usar dois pontos antes da editora (e não ponto, ou ponto e vírgula).

Quero meus textos livres, felizes. Mostrando quem eu sou e como penso. Sem amarras, sem formatações. Prometo bem prometidinho que sempre vou dizer de onde tirei determinada ideia.

Mas não quero que minha escrita seja refém de nenhuma formatação. Nenhum engessamento. Gosto da liberdade. Por isso vou optar por escrever aqui, nesse Blog. O blog da professorinha.


Da professorinha que quer ser livre e quer que alunos e alunas possam romper as amarras e seguir a vida, plena, sem engessamentos ou formatações.


CERTEZAS...

Às vezes fico pensando em como atualmente tenho dificuldades com 'certezas absolutas'. Esse termo (certezas absolutas) me deixa com a sensação de algo imutável, pétreo. E hoje posso dizer que poucas coisas na minha vida tem esse peso. Lógico que tenho certezas, mas são tão poucas... Uma delas é o amor que sinto pela minha família. Não acredito que mude...

Já vivi a dicotomia 'certo' x 'errado', ou se preferirem 'preto' ou 'branco'. Vivia como se não existissem os meio certo/errado ou as nuances de cinza... Era mais nova e cheinha de certezas... A vida me ensinou que nem sempre as coisas são tão dicotômicas, uma coisa nem sempre é só branca ou só preta. Ela é uma mistura generosa de cores e tons, que nos alegram e surpreendem.

Como um dia que estava em um ônibus (cheio, para variar). Em um banco um pouco á minha frente estava um homem bêbado. Visivelmente bêbado, fazendo barulho, incomodando. Pensava com 'meus botões' como é que uma pessoa nesse estado pode entrar em um ônibus e ocupar uma cadeira. Mas aí uma senhora idosa entrou no ônibus. Eu estava em pé e vi claramente qdo cabeças se moveram para as janelas. Pessoas que estavam sóbrias e claramente cientes de seus atos fingiram não ver a cabeça branca da idosa. Mas o bêbado, quase pária desse ambiente, e que era reprovado por boa parte do ônibus (inclusive por mim), simplesmente se levantou e cedeu o lugar. A idosa, vendo o estado do rapaz embriagado (ele balançava e eu achava que ele podia cair em cima de alguém), agradeceu a gentileza e disse para o rapaz sentar. Ele não aceitou e disse para a senhora sentar. Que era direito dela e a mãe dele (é ele tinha mãe!) ensinou a respeitar os mais velhos. A senhora sentou e ele ficou tentando se segurar como dava....

Esse fato me fez pensar nos tons da vida... Não somos só uma coisa ou outra... Somos uma mistura de tons que vão se desvelando a cada momento.

Quando entrei no ônibus e vi o homem bêbado, tinha certezas sobre ele. Certezas essas que se desfizeram por causa de um ato limpo, honesto. Ele fez, mesmo embriagado, o que muitos não fazem sóbrios. Ele me mostrou os tons de cinza misturados ao branco e ao preto. Um ser humano ímpar!

Hoje prefiro pensar na minha vida como inundada por uma gama indescritível de tons. E o melhor é que posso passar  minhas 'certezas' (não tão 'absolutas') de um tom para o outro, sem que isso me deixe insegura. Um dia tenho mais certeza em determinado ponto, depois isso muda e a certeza vai diminuindo (e eu mudando a tonalidade da certeza, carregando mais ou menos no claro/escuro).

Tenho 'certezas', mas elas são, na maioria, volúveis. Acho tão bom isso... Mudar o tom da certeza me deixa livre para passear entre as verdades que o mundo me apresenta.