Uma Introdução

Uma Introdução

Porque criar um blog sobre as coisas que eu presenciei e ouvi durante minha carreira como professora de Educação Básica?

Nunca achei que alguém se interessasse por coisas que para mim são comuns, o cotidiano de uma professorinha.

Mas um amigo (Joseph), pensa diferente. Ele achou que minhas histórias poderiam ser interessantes. E me incentivou a escrever um Blog.

Talvez ele tenha razão. Afinal, uma pessoa que está em sala de aula a mais ou menos 20 anos deve ter algumas histórias para contar. E posso dizer que minha vida de professora (e esse blog é só sobre isso) não foi nada calma. Monotonia nunca fez parte da minha vida profissional. Criança é um bichinho que inventa...

As histórias que vou contar aqui são variadas. Algumas aconteceram comigo, outras com amig@s e alun@s. Para preservar a identidade das pessoas que foram protagonistas das histórias, vou trocar não apenas os nomes, mas outras características (idade/sexo/lugar onde o fato ocorreu). Resumindo, vou contar as histórias, mas sem revelar dados que possam identificar as pessoas envolvidas. Conto o milagre, mas não digo o santo.

Convido vcs a lerem um pouco dessas minhas 'aventuras' como professora. Trabalhei (e trabalho) em escolas de bairros bem pobres, onde faltava quase tudo. Menos a boa vontade de colegas e diretores para fazer a coisa dar certo. Pelo menos na maioria das vezes.

Vacilei

Durante esses 28 anos de magistério tive alguns alunos especias. Surdos (ou parcialmente surdos), sem partes do corpo (ou com algum problema motor). Ano passado tive alguns alunos especiais. Um deles me chamava atenção. Tinha um tempo diferente mas aprendia. Pelo que entendi a mãe dava bastante reforço em casa. Um doce menino grande.
Nessa escola temos pessoas espacializadas para acompanhar nossos alunos e alunas especiais. Esse atendimento é feito em turno contrário em uma "salinha".
Alguns desses alunos e alunas fazem prova na "salinha", com a orientadora.
Já acostumada com a rotina, no dia da minha prova entreguei a mesma ao meu aluno especial. Ele me disse então, que "a tia da salinha não veio". Aí ele disse que a "Tia da salinha" só lia a prova para ele, mas ele respondia. Eu disse que podia ler. Depois que a turma estivesse acomodada fazendo a prova.
Arrumei alunos e alunas, entreguei a prova e sentei na minha mesa, com o aluno do lado. Li a primeira pergunta. O aluno nem piscou, respondeu "na lata" e em voz alta. Toda a sala ouviu a resposta dele (que estava correta), e eu fiquei sem reação. Aí disse ao meu aluno que ele faria a prova outro dia, com a "tia da salinha", porque não daria certo ele falar as respostas naquele momento (ia dar cola para todo mundo, kkkk).
Nessa hora entendi porque ele precisava fazer a prova separado dos demais: ele respondia em voz alta, e só depois escrevia.
Ou seja, quando ele dava a resposta em voz alta estava dizendo para a turma toda. Uma cola autorizada por mim. Nem pensar.

Percebi que nesse caso "vacilei" ao deixar o aluno 'responder' a pergunta. Não me ocorreu que ele faria isso em voz alta. Erro meu, não dele.

Outro dia ele levou a prova e fez na "Salinha". Mais seguro. kkkk