Uma Introdução

Uma Introdução

Porque criar um blog sobre as coisas que eu presenciei e ouvi durante minha carreira como professora de Educação Básica?

Nunca achei que alguém se interessasse por coisas que para mim são comuns, o cotidiano de uma professorinha.

Mas um amigo (Joseph), pensa diferente. Ele achou que minhas histórias poderiam ser interessantes. E me incentivou a escrever um Blog.

Talvez ele tenha razão. Afinal, uma pessoa que está em sala de aula a mais ou menos 20 anos deve ter algumas histórias para contar. E posso dizer que minha vida de professora (e esse blog é só sobre isso) não foi nada calma. Monotonia nunca fez parte da minha vida profissional. Criança é um bichinho que inventa...

As histórias que vou contar aqui são variadas. Algumas aconteceram comigo, outras com amig@s e alun@s. Para preservar a identidade das pessoas que foram protagonistas das histórias, vou trocar não apenas os nomes, mas outras características (idade/sexo/lugar onde o fato ocorreu). Resumindo, vou contar as histórias, mas sem revelar dados que possam identificar as pessoas envolvidas. Conto o milagre, mas não digo o santo.

Convido vcs a lerem um pouco dessas minhas 'aventuras' como professora. Trabalhei (e trabalho) em escolas de bairros bem pobres, onde faltava quase tudo. Menos a boa vontade de colegas e diretores para fazer a coisa dar certo. Pelo menos na maioria das vezes.

Joguei pedra na cruz...

Tem dias que tenho quase certeza que joguei pedra na cruz. Quarta feira foi um desses dias.

Saí com os alunos para a caminhada contra a AIDS, até aí tudo normal. Fui com um colega e 27 alunos e alunas. Poucos, já fui para essa caminhada com mais de 40.

A caminhada foi divertida, http://twitpic.com/3bzmy0 .

Terminamos a caminhada e fomos para o ônibus. Entramos e fizemos a 'chamada'. Aí começou o calvário: faltavam 3 alunas.

Na hora comunicamos o fato aos representantes das Secretarias de Educação e da Saúde.

Ficamos esperando mais de meia hora. Nesse ínterim, o motorista do ônibus ameaçou sair, os alunos começaram uma briga com alunos de outras escolas, jogaram pedras no ônibus...

E eu ligando para a escola para tentar descobrir o número de telefone da casa de uma das meninas para saber se elas tinham chegado.

Não descobrimos nenhum número, então resolvemos ir para a escola e de lá eu iria para a casa de uma das meninas tentar descobrir se as 'criaturas' já estavam em casa.

Fizemos isso. Chegando na escola saí com um aluno enquanto meu colega ficava na direção da escola, resolvendo outro 'abacaxi'.

Chegando na casa da menina, ela estava toda tranquila. Quando perguntei pq ela havia voltado mais cedo, ela só disse que 'lá tava muito parado'. Disse a ela que por causa dessa atitude irresponsável, o pessoas da secretaria da educação e da secretaria da saúde estava até aquele momento no ponto de encontro dos ônibus, esperando ela. Liguei para eles e avisei. Foi um alívio geral.
A mãe da menina chega e pergunta o que aconteceu. Expliquei e a mãe me apoiou. Disse que se ela pediu para ir à caminhada com a escola deveria voltar com a escola.

A menina não entendeu pq o 'estresse'. afinal ela é 'grande'. Expliquei que ela pode até ser mais alta que eu, mas perante a lei, ela ainda é menor de idade. Por isso precisamos do consentimento da mãe para que ela possa sair para qq atividade extra escolar.

Volto para a escola para ajudar meu colega com outro abacaxi, esse bem mais sério. Mas fazer o que? Tem dias que a gente nem deveria sair de casa, que dirá acompanhada com alunos e alunas, que parecem ter o juízo nos pés...